terça-feira, 20 de setembro de 2011


O piquenique das tartarugas
Uma família de tartarugas decidiu sair para um piquenique. As tartarugas, sendo naturalmente lentas, levaram sete anos para prepararem-se para seu passeio.

Finalmente a família de tartarugas saiu de casa para procurar um lugar apropriado. Durante o segundo ano da viagem encontraram um lugar ideal!

Por aproximadamente seis meses limparam a área, desembalaram a cesta de piquenique e terminaram os arranjos.

Então descobriram que tinham esquecido o sal. Um piquenique sem sal seria um desastre, todas concordaram. Após uma longa discussão, a tartaruga mais nova foi escolhida para voltar em casa e pegar o sal, pois era a mais rápida das tartarugas. A pequena tartaruga lamentou, chorou, e esperneou. Concordou em ir mas com uma condição: que ninguém comeria até que ela retornasse. A família consentiu e a pequena tartaruga saiu.

Três anos se passaram e a pequena tartaruga não tinha retornado.

Cinco anos... Seis anos... Então, no sétimo ano de sua ausência, a tartaruga mais velha não agüentava mais conter sua fome. Anunciou que ia comer e começou a desembalar um sanduíche.

Nesta hora, a pequena tartaruga saiu de trás de uma árvore e gritou:
- Viu! Eu sabia que vocês não iam me esperar. Agora que eu não vou mesmo buscar o sal.

Descontando os exageros da estória, na nossa vida as coisas acontecem mais ou menos da mesma fora. Nós desperdiçamos nosso tempo esperando que as pessoas vivam à altura de nossas expectativas. Ficamos tão preocupados com o que os outros estão fazendo que deixamos de fazer nossas próprias coisas.

Como avaliar o mundo
Confúcio viajava com seus discípulos quando soube que, numa aldeia, vivia um menino muito inteligente. Confúcio foi até lá conversar com ele e, brincando, perguntou:
- Que tal se você me ajudasse a acabar com as desigualdades?

- Por que acabar com as desigualdades? - disse o menino - Se achatarmos  as montanhas, os pássaros não terão mais abrigo. Se acabarmos com a profundidade dos rio e dos mares, todos os peixes morrerão. Se o chefe da aldeia tiver a mesma autoridade que o louco, ninguém se entenderá direito. O mundo é muito vasto: deixa-o com suas diferenças.

Os discípulos saíram dali impressionados com a sabedoria do menino. Quando já se encaminhavam para outra cidade, um deles comentou que todas as crianças deviam ser assim.

Ao que Confúcio respondeu:
- Conheci muitas crianças que, em vez de estar brincando e fazendo coisas de sua idade, procuravam entender o mundo e, nenhuma dessas crianças precoces conseguiu fazer algo importante mais tarde, porque jamais experimentaram a inocência e a irresponsabilidade da infância.

Chegando ao destino 
Durante anos, nas suas sessões de meditação, o mestre observou a presença de um jovem que nada falava e que parecia indiferente a tudo. Certa noite, o jovem chegou um pouco mais cedo e ao encontrar o mestre sozinho aproximou-se dele, interpelando-o:

- Mestre, há muitos anos venho ao seu centro de meditação e tenho reparado no grande número de monges e freiras ao seu redor e no número ainda maior de leigos, homens e mulheres.

Alguns deles alcançaram plenamente a realização. Qualquer um pode comprovar isso. Outros experimentaram certa mudança em sua vida. Também hoje são pessoas mais livres.

Mas, senhor, também noto que há um grande número de pessoas, entre as quais me incluo, que permanecem como eram. Não mudaram nada, ou não mudaram para melhor. Por que há de ser assim, mestre? Por que o senhor não usa do seu poder e do seu amor para libertar a todos?

O mestre sorriu e perguntou:
- De que cidade você vem?
- Eu venho de Rajagaha, mestre, a trezentos quilômetros daqui.
- Você ainda tem parentes ou negócios nessa cidade?
- Sim, mestre. Tenho parentes, amigos e ainda mantenho negócios em Rajagaha, de modo que freqüentemente vou para lá.
- Então, meu jovem, você deve conhecer muito bem o caminho para essa cidade.

- Sim, mestre, eu o conheço perfeitamente. Diria que até com os olhos vendados eu poderia achar o caminho para Rajagaha, tantas vezes o percorri.
- Deve, então, acontecer de algumas pessoas às vezes o procurarem, pedindo-lhe que lhes explique o caminho, até lá. Quando isso ocorre, você esconde alguma coisa delas ou explica-lhes claramente o caminho?

- O que haveria para esconder, mestre? Eu lhes explico claramente o caminho, de maneira a não deixar nenhuma dúvida.
- E essas pessoas às quais você dá explicações tão claras... todas elas chegam à cidade?

- Como poderiam, mestre? Somente aquelas que percorrem o caminho até o fim é que chegam a Rajagaha.
- É exatamente isso que quero lhe explicar, meu jovem. As pessoas vêm a mim sabendo que sou alguém que já percorreu o caminho e que o conhece bem. Elas vêm a mim e perguntam:

 "Qual é o caminho para a realização"? E o que há para esconder? Eu lhes explico claramente o caminho. Se alguém simplesmente abana a cabeça e diz "Ah, é um lindo caminho, mas não me darei ao trabalho de percorrê-lo", como essa pessoa pode chegar ao seu destino? Eu não carrego ninguém nos ombros. Ninguém pode carregar ninguém nos ombros até o seu destino.

No máximo, é possível dizer: "Este é o caminho e é assim que eu o percorro". Se você também trabalhar, se também caminhar, certamente atingirá o seu destino". Mas cada pessoa deve percorrer o caminho por si, sentir cada um dos seus passos.

Quem deu um passo está um passo mais próximo. Quem deu cem passos está cem passos mais próximo. Mas você tem que percorrer o caminho por si só.

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