domingo, 28 de fevereiro de 2010

MÃE

Existe um ser no mundo de tão grande valor. Um valor que excede ao das pedras preciosas: rubi, esmeralda, diamante...

Um ser que na sua singeleza de mulher transmite uma paz imensa aos seus; na dimensão da sua doçura cativa os corações; na sua candura esplêndida renova até os nossos sentimentos; com seu amor faz-nos ver o mundo com uma visão esperançosa, pois o teu “amor é a essência do amor de Deus”.
O teu amor de mãe sensibiliza os corações e Deus tem se manifestado através de ti.
Quando choras pelos filhos Deus tem enxugado as tuas lágrimas e tem contemplado o teu sofrer.
Quando aconselhas, és sábia nas palavras, e essa sabedoria vem do alto, pois o Senhor é contigo.
Quando reprimes as travessuras, os erros, é por amor, por amar demais e, se algumas vezes errou, foi tentando acertar.
Quando oras, Deus tem te ouvido e respondido a tua oração. No momento exato serão notórias as maravilhas do Pai Celeste em tua vida.
Existe uma mulher no mundo que merece a nossa admiração, o nosso carinho, o nosso cuidado, o nosso amor. Essa mulher és tu que deste à luz seres especiais para ti. Essa mulher és tu que, se preciso for, darás a vida pelos filhos. Essa mulher és tu MÃE, preciosidade de Deus. Ser especial para nós. A ti a nossa eterna gratidão pelo que és e pelo que somos.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

A SOLIDÃO AMIGA

A noite chegou, o trabalho acabou, é hora de voltar para casa. Lar, doce lar? Mas a casa está escura, a televisão apagada e tudo é silêncio. Ninguém para abrir a porta, ninguém à espera. Você está só. Vem a tristeza da solidão... O que mais você deseja é não estar em solidão...

Mas deixa que eu lhe diga: sua tristeza não vem da solidão. Vem das fantasias que surgem na solidão. Lembro-me de um jovem que amava a solidão: ficar sozinho, ler, ouvir, música... Assim, aos sábados, ele se preparava para uma noite de solidão feliz. Mas bastava que ele se assentasse para que as fantasias surgissem. Cenas. De um lado, amigos em festas felizes, em meio ao falatório, os risos, a cervejinha. Aí a cena se alterava: ele, sozinho naquela sala. Com certeza ninguém estava se lembrando dele. Naquela festa feliz, quem se lembraria dele? E aí a tristeza entrava e ele não mais podia curtir a sua amiga solidão. O remédio era sair, encontrar-se com a turma para encontrar a alegria da festa. Vestia-se, saía, ia para a festa... Mas na festa ele percebia que festas reais não são iguais às festas imaginadas. Era um desencontro, uma impossibilidade de compartilhar as coisas da sua solidão... A noite estava perdida.

Faço-lhe uma sugestão: leia o livro A chama de uma vela, de Bachelard. É um dos livros mais solitários e mais bonitos que jamais li. A chama de uma vela, por oposição às luzes das lâmpadas elétricas, é sempre solitária. A chama de uma vela cria, ao seu redor, um círculo de claridade mansa que se perde nas sombras. Bachelard medita diante da chama solitária de uma vela. Ao seu redor, as sombras e o silêncio. Nenhum falatório bobo ou riso fácil para perturbar a verdade da sua alma. Lendo o livro solitário de Bachelard eu encontrei comunhão. Sempre encontro comunhão quando o leio. As grandes comunhões não acontecem em meio aos risos da festa. Elas acontecem, paradoxalmente, na ausência do outro. Quem ama sabe disso. É precisamente na ausência que a proximidade é maior. Bachelard, ausente: eu o abracei agradecido por ele assim me entender tão bem. Como ele observa, "parece que há em nós cantos sombrios que toleram apenas uma luz bruxoleante. Um coração sensível gosta de valores frágeis". A vela solitária de Bachelard iluminou meus cantos sombrios, fez-me ver os objetos que se escondem quando há mais gente na cena. E ele faz uma pergunta que julgo fundamental e que proponho a você, como motivo de meditação: "Como se comporta a Sua Solidão?" Minha solidão? Há uma solidão que é minha, diferente das solidões dos outros? A solidão se comporta? Se a minha solidão se comporta, ela não é apenas uma realidade bruta e morta. Ela tem vida.

Entre as muitas coisas profundas que Sartre disse, essa é a que mais amo: "Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você." Pare. Leia de novo. E pense. Você lamenta essa maldade que a vida está fazendo com você, a solidão. Se Sartre está certo, essa maldade pode ser o lugar onde você vai plantar o seu jardim.

Como é que a sua solidão se comporta? Ou, talvez, dando um giro na pergunta: Como você se comporta com a sua solidão? O que é que você está fazendo com a sua solidão? Quando você a lamenta, você está dizendo que gostaria de se livrar dela, que ela é um sofrimento, uma doença, uma inimiga... Aprenda isso: as coisas são os nomes que lhe damos. Se chamo minha solidão de inimiga, ela será minha inimiga. Mas será possível chamá-la de amiga? Drummond acha que sim: "Por muito tempo achei que a ausência é falta./ E lastimava, ignorante, a falta./ Hoje não a lastimo./ Não há falta na ausência. A ausência é um estar em mim./ E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,/ que rio e danço e invento exclamações alegres,/ porque a ausência, essa ausência assimilada,/ ninguém a rouba mais de mim.!"

Nietzsche também tinha a solidão como sua companheira. Sozinho, doente, tinha enxaquecas terríveis que duravam três dias e o deixavam cego. Ele tirava suas alegrias de longas caminhadas pelas montanhas, da música e de uns poucos livros que ele amava. Eis aí três companheiras maravilhosas! Vejo, frequentemente, pessoas que caminham por razões da saúde. Incapazes de caminhar sozinhas, vão aos pares, aos bandos. E vão falando, falando, sem ver o mundo maravilhoso que as cerca. Falam porque não suportariam caminhar sozinhas. E, por isso mesmo, perdem a maior alegria das caminhadas, que é a alegria de estar em comunhão com a natureza. Elas não vêem as árvores, nem as flores, nem as nuvens e nem sentem o vento. Que troca infeliz! Trocam as vozes do silêncio pelo falatório vulgar. Se estivessem a sós com a natureza, em silêncio, sua solidão tornaria possível que elas ouvissem o que a natureza tem a dizer. O estar juntos não quer dizer comunhão. O estar juntos, frequentemente, é uma forma terrível de solidão, um artifício para evitar o contato conosco mesmos. Sartre chegou ao ponto de dizer que "o inferno é o outro." Sobre isso, quem sabe, conversaremos outro dia... Mas, voltando a Nietzsche, eis o que ele escreveu sobre a sua solidão:

"Ó solidão! Solidão, meu lar!... Tua voz - ela me fala com ternura e felicidade!

Não discutimos, não queixamos e muitas vezes caminhamos juntos através de portas abertas.

Pois onde quer que estás, ali as coisas são abertas e luminosas. E até mesmo as horas caminham com pés saltitantes.

Ali as palavras e os tempos/poemas de todo o ser se abrem diante de mim. Ali todo ser deseja transformar-se em palavra, e toda mudança pede para aprender de mim a falar."

E o Vinícius? Você se lembra do seu poema O operário em construção? Vivia o operário em meio a muita gente, trabalhando, falando. E enquanto ele trabalhava e falava ele nada via, nada compreendia. Mas aconteceu que, "certo dia, à mesa, ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção ao constatar assombrado que tudo naquela casa - garrafa, prato, facão - era ele que os fazia, ele, um humilde operário, um operário em construção (...) Ah! Homens de pensamento, não sabereis nunca o quando aquele humilde operário soube naquele momento! Naquela casa vazia que ele mesmo levantara, um mundo novo nascia de que nem sequer suspeitava. O operário emocionado olhou sua própria mão, sua rude mão de operário, e olhando bem para ela teve um segundo a impressão de que não havia no mundo coisa que fosse mais bela. Foi dentro da compreensão desse instante solitário que, tal sua construção, cresceu também o operário. (...) E o operário adquiriu uma nova dimensão: a dimensão da poesia."

Rainer Maria Rilke, um dos poetas mais solitários e densos que conheço, disse o seguinte: "As obras de arte são de uma solidão infinita." É na solidão que elas são geradas. Foi na casa vazia, num momento solitário, que o operário viu o mundo pela primeira vez e se transformou em poeta.

E me lembro também de Cecília Meireles, tão lindamente descrita por Drummond:

"...Não me parecia criatura inquestionavelmente real; e por mais que aferisse os traços positivos de sua presença entre nós, marcada por gestos de cortesia e sociabilidade, restava-me a impressão de que ela não estava onde nós a víamos... Distância, exílio e viagem transpareciam no seu sorriso benevolente? Por onde erraria a verdadeira Cecília..."

Sim, lá estava ela delicadamente entre os outros, participando de um jogo de relações gregárias que a delicadeza a obrigava a jogar. Mas a verdadeira Cecília estava longe, muito longe, num lugar onde ela estava irremediavelmente sozinha.

O primeiro filósofo que li, o dinamarquês Soeren Kiekeggard, um solitário que me faz companhia até hoje, observou que o início da infelicidade humana se encontra na comparação. Experimentei isso em minha própria carne. Foi quando eu, menino caipira de uma cidadezinha do interior de Minas, me mudei para o Rio de Janeiro, que conheci a infelicidade. Comparei-me com eles: cariocas, espertos, bem falantes, ricos. Eu diferente, sotaque ridículo, gaguejando de vergonha, pobre: entre eles eu não passava de um patinho feio que os outros se compraziam em bicar. Nunca fui convidado a ir à casa de qualquer um deles. Nunca convidei nenhum deles a ir à minha casa. Eu não me atreveria. Conheci, então, a solidão. A solidão de ser diferente. E sofri muito. E nem sequer me atrevi a compartilhar com meus pais esse meu sofrimento. Seria inútil. Eles não compreenderiam. E mesmo que compreendessem, eles nada podiam fazer. Assim, tive de sofrer a minha solidão duas vezes sozinho. Mas foi nela que se formou aquele que sou hoje. As caminhadas pelo deserto me fizeram forte. Aprendi a cuidar de mim mesmo. E aprendi a buscar as coisas que, para mim, solitário, faziam sentido. Como, por exemplo, a música clássica, a beleza que torna alegre a minha solidão...

A sua infelicidade com a solidão: não se deriva ela, em parte, das comparações? Você compara a cena de você, só, na casa vazia, com a cena (fantasiada ) dos outros, em celebrações cheias de risos... Essa comparação é destrutiva porque nasce da inveja. Sofra a dor real da solidão porque a solidão dói. Dói uma dor da qual pode nascer a beleza. Mas não sofra a dor da comparação. Ela não é verdadeira.

Mas essa conversa não acabou: vou falar depois sobre os companheiros que fazem minha solidão feliz.

AMOR VERDADEIRO

AMOR, SONHOS & POEMAS

LINDA CARTA DE AMOR

HOMENAGEM PARA TATIANA

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

HORÓSCOPOS

O LIVRO

COMUNICAR

COMUNICAR NÃO É SÓ FALAR
ou Como melhorar sua habilidade de ouvinte
Entrevistador:
- Você é bom em comunicação?
Candidato:
- Ah! Sim. Fiz um curso de oratória e faço excelentes apresentações no meu atual emprego.
Entrevistador:
- E ouvir?
Candidato: (estranhando)
- Não tenho nenhum problema de audição.
Este diálogo imaginário, pode nunca ter ocorrido, mas sem dúvida não seriam estas as respostas esperadas pelo entrevistador.
Ouvir ativa e empaticamente é uma habilidade essencial para aqueles que exercem cargos de chefia, é uma habilidade que pode e deve ser desenvolvida pois evita o mal-entendido e diversos tipos de erros por parte de todos que exercem a liderança de equipes. Mas a maioria de nós realmente tem dificuldade em ouvir com eficácia. Aprendemos a falar, escrever e ler, mas poucos se lembram de ter tido oportunidades de melhorar sua habilidade de ouvir. Existem 3 formas de ouvir:
A primeira, a única que a maioria de nós utiliza, é quando o foco continua em você.
Experimente: solicite a alguém que lhe conte como foi o último fim de semana, se ao escutá-lo você interrompe o fluxo de informações com pensamentos ou frases do tipo: "eu não faria assim" ou "não gosto de xyz prefiro acd" ou se ao escutá-lo pensa no que você vai dizer a seguir; se isto acontece então você não está ouvindo com empatia e provavelmente irá perder indicadores importantes do que o outro está dizendo.
Na segunda forma de ouvir, o foco está no outro.
Você repete com suas palavras o que o outro disse para conferir o significado, você não julga o que o outro está dizendo. Faz perguntas que levem ao melhor entendimento.
Na terceira forma de ouvir, o foco está no outro e você está utilizando todos os seus sentidos e a sua intuição.
Além de ouvir como na segunda forma, você observa a postura do outro, ele está sentado na ponta da cadeira? Indicando inibição ou constrangimento? Os ombros estão encolhidos ? Indicando cansaço ou desânimo? A voz é firme ou está emocionada? E mais, você escuta a sua intuição e percebe quando tem algo estranho. Parece que o outro está falando de algo mas gostaria de dizer outra coisa? Está escondendo algo?
Faça o exercício abaixo, (o resultado está no final desta página.) se em menos de 3 minutos conseguir encontrar a resposta certa, você provavelmente está usando sua intuição, se não para ouvir aos outros, pelo menos para fazer este exercício...
Exercício:
Forme duas palavras utilizando todas as seguintes letras: AAAADLPRSSUV.
Bom se você não conseguiu saiba que a forma com que nós ouvimos o outro é um hábito que pode ser mudado, aqui vão algumas dicas para melhorar a sua habilidade em ouvir com foco no outro e usando sua intuição.
1. Primeiro crie a motivação para mudar, pergunte a você mesmo como se sente quando alguém te escuta interrompendo ou sem dizer uma palavra que demonstre que está ouvindo realmente, depois o contrário, como se sente quando alguém te ouve com empatia.
2. Fale 20% e ouça 80% do tempo.
3. Dê sinais de que está ouvindo, tente resumir e dizer o que o outro falou.
4. Evite preparar a resposta mentalmente enquanto está ouvindo.
5. Observe o outro, além das palavras, postura, tom de voz, qualquer coisa que dê as dicas de como o outro se sente.
6. NÃO INTERROMPA.
7. Coloque-se no lugar do outro, não para dizer o que você faria, mas para entender como o outro se sente.
8. Elimine distrações externas. Telefonemas, computador, TV, etc.
9. Faça o seguinte exercício: Dê bom dia a alguém e acrescente sem dar nenhuma indicação de agrado ou desagrado: "Que temperatura está fazendo hoje, heim?" Tente descobrir o estado de espírito do outro ouvindo sua resposta.

Resposta do exercício: As letras formam: "duas palavras".

VOCÊ NÃO ESTÁ SÓ

RESPEITE SEU AMIGO

Respeite seu amigo. Pense antes de praticar atos que possam prejudicar ou entristecê-lo.
Divergências de opiniões podem interromper o relacionamento. Esforce-se para entender as diferentes opiniões de seus amigos.
Caso brigue com algum amigo, dê algum tempo para que vocês reflitam.
Perdoar é um gesto que demonstra dignidade, humildade e sabedoria.
Absolva seu amigo caso ele tenha iniciado o conflito, do contrário demonstre arrependimento e se desculpe.
Para ter amizades verdadeiras aprenda a diferença entre os relacionamentos sociais.
As intimidades físicas são as maiores diferenças entre um relacionamento romântico e uma grande amizade.
Dê valor a um relacionamento não físico.
Não deixe estímulos passageiros destruírem sua amizade. Alguns acabam sentindo pelos amigos desejos que vão além dos limites da amizade.

Mais Vale Uma Grande Amizade

UMA GRANDE AMIZADE

AMIZADE

NOMES DE BEBÊS

SUISÍDIO


Abaixo, uma pequena mostra do sofrimento de um suicida no Plano Espiritual. Várias obras ditadas pelos espíritos nos dão conta que o suicídio é a pior saída para quem quer fugir de situação que acha impossível solucionar. Ninguém tem o direito de tentar impedir a ordem natural da vida. Quem desejar saber com profundidade as conseqüências de um suicídio, pode ler a obra "Memórias de Um Suicida", ditada pelo espírito do famoso e importante escritor Camilo Castelo Branco, onde nos conta todo o seu sofrimento após suicidar-se, em 1890.

Henri Numiers não acreditava que houvesse uma alma imortal animando seu saudável corpo de homem. Para ele, existiam apenas os ossos, as carnes, os nervos, artérias carreando o sangue necessário à vida. Era materialista. Por isso matou-se, assim tentando fugir à situação moral que o incomodava. Uma vez morrendo o homem, acreditava ele, a alma, se existisse, se extinguiria também com ele. Pensamento, amor, inteligência, sentimento, ação, honra, desonra, ódios, amarguras, decepções, tudo o que constitui o ser moral humano cria ele que se aniquilava no túmulo juntamente com o corpo. Dos belos sermões filosóficos de Rômulo e de Thom sobre os graves problemas do homem e sua alma imortal, feita à imagem e semelhança de Deus, Henri só guardava a lembrança da ansiedade com que esperava o fim para regressar a Numiers e rever Berthe. Contudo, o maior desapontamento o desgraçado moço colheu do seu ato de suicídio quando, ao primeiro amargor que a vida lhe apresentara, desejou furtar-se a ele, matando-se.


Caíra de todo a noite e em Numiers e suas imediações pairava completo silêncio. Havia alguns meses que Henri desaparecera do mundo terreno, mas a desolação era porventura maior tanto em Numiers como em Stainesbourg e Fontaine. Pai Arnold não mais trabalhava, desinteressando-se da prosperidade da Quinta, e Marie continuava enferma. Era inverno. Contudo, naquela noite, o luar irradiava, emprestando àquele recanto da velha Flandres certa doçura de ambiente.

Na aldeia de Numiers uns dormiam, outros velavam, alguns sofriam e choravam, e o silêncio presidia tudo.

De súbito, um grito agudo e forte repercutiu do vale do ribeiro estendendo-se pela aldeia. Na Quinta, que ficava próxima a esse vale, o grito fora também ouvido. Os cães uivaram tristemente, as ovelhas baliram, dolorosas, no aprisco, cochicharam os galináceos, assustados... e Marie e Arnold, que se achavam ainda despertos, entreolharam-se tomados de pavor e caíram em pranto. Haviam reconhecido naquele grito a voz do filho que morrera havia pouco.

Rômulo, padre e médico, achava-se à cabeceira de Marie. Benzeu-se discretamente, dizendo consigo mesmo, comovido:

- É a alma alucinada do meu pobre Henri...

- Ouvistes, meu Padre? - interpelou pai Arnold.

- Não, Arnold, nada ouvi. Que foi?

- Um grito de desespero, a voz do meu rapaz...

- É a tua impressão, meu pobre Arnold. Afasta da idéia esses pensamentos lúgubres...

- Marie também ouviu, meu Padre, os cães uivaram, as ovelhas gemeram.

- Ora, Marie está enferma e a febre excita-lhe os nervos e a imaginação. Os cães ladram sempre, as ovelhas choram a cada instante...

Mas no íntimo, dolorosamente, ele repetiu:

- Sim, é a alma alucinada do meu pobre Henri...

No andar térreo, sozinho, diante da lareira acesa Thom também ouvira, compreendera e pusera-se a orar com fervor.

Com efeito, Henri Numiers não morrera.

Supondo aniquilar-se para sempre, ao atirar-se da montanha, ele conseguira aniquilar apenas o corpo carnal. Seu espírito, com a tenebrosa queda, como que desmaiara, anulara-se como se tudo ao derredor dele se extinguisse. A violência do gênero de morte que escolhera traumatizara o seu corpo espiritual, despedaçando-lhe a harmonia das vibrações de tal forma que um século não bastaria para que elas retornassem ao ritmo normal necessário a um estado de vida satisfatório.

Passados que foram alguns dias, porém, Henri começou a voltar a si do longo desmaio, isto é, um estado de pesadelo angustioso sobreveio ao desmaio e ele começou a sentir a sensação da queda, as dores insuportáveis do seu corpo batendo nas pedras, partindo-se, esmagando-se. Estava cego, pois nada via, uma faixa negra e gelada envolvia-o, seus pensamentos eram um caos, não podia reunir as idéias, refletir, compreender o que se passava consigo, por que razão rolava, rolava da montanha mas sem jamais atingir o solo. Somente podia refletir em que quisera morrer para fugir à tortura de viver sem a sua Berthe e que, para isso, saltara para o abismo num gesto pavoroso de completo louco. Um pavor alucinante invadira sua mente e ele pusera-se a gritar, a gritar desesperadamente, pedindo socorro. Fora um desses gritos que as três aldeias testemunharam e que, daquela noite em diante, começara a repetir-se periodicamente, pelas imediações. Por vezes, envolvido por aquele pesadelo, sentia-se no fundo do vale ao mesmo tempo que rolava pela montanha, apavorava-se com a negra solidão que o rodeava, presenciava, sem saber como, o desespero de seus pais e as lágrimas dos amigos, chorava também, desesperado, e contemplava, apesar de cego para as demais ocorrências, os próprios despojos sangrentos, mutilados, sepultados sob um montão de terra e pedras. Nada compreendia senão que continuava a sofrer o desprezo da mulher amada e as humilhações daí conseqüentes, sofrimentos que, agora, reunidos ao martírio da inconcebível queda que nunca chegava ao fim, dele fazia um Espírito enlouquecido no mais alto grau que a mente humana poderá conceber.

Tudo isso, porém, uma confusão atrocíssima para o desgraçado que a sofre, passava-se nele com dificuldade, em pequenos intervalos, pois, de quando em vez, ele perdia-se dentro de um caos, num penoso estado de colapso. E quando o infeliz esforçava compreender o que se passava, seus pensamentos, traumatizados, negavam-se a atendê-lo e desapareciam naquela negridão interior que o confundia. Mas isso era apenas os vislumbres do despertar, o momento dramático e solene da ocasião em que o Espírito que abandona seu corpo carnal, valendo-se do suicídio, começa a se desenraizar dos liames magnéticos que o atavam à matéria. Esse desprendimento, lento, doloroso, que poderia durar meses e anos, valeria a Henri períodos infernais, indescritíveis ao entendimento humano. Sua impressão era de que estava atado por um ímã poderoso a um objeto do qual, no entanto, precisava desprender-se. Esse objeto encontrava-se ao sopé da montanha da qual ele rolava sem jamais parar, na escuridão do vale. Eram os seus despojos sangrentos, que ele via, apesar de cego, no fundo de uma cova, visão satânica da qual quisera fugir, mas que se agarrara a ele com um poder dominador, incapaz de ser repelida. Sobrevinham, em seguida, terríveis convulsões, fazendo-o estorcer-se como se seus nervos, absolutamente traumatizados, sofressem choques elétricos ao despenhar-se ele da montanha. Era como se ataques epilépticos o atingissem avassalando sua mente, suas vibrações, todas as moléculas do seu ser espiritual; era a sensação da queda sofrida pelo perispírito, estado depressor que o acompanharia até a reencarnação futura e que somente o Evangelho, revigorador de vibrações, reeducando-lhe a mente, poderia reencontrar. Nesse inconcebível estado traumático gritava de horror e procurava agarrar-se a qualquer coisa a fim de se deter na queda, e o desgraçado, apesar de tudo, através do pesadelo que o torturava, sente que continua sendo a personalidade Henri Numiers, que ele mesmo é que rola da montanha, que ele mesmo é que está estirado sob o montão de terra, apodrecido, corroído pelos vibriões, despojos de carnes sangrentas, negras, asquerosas, miseráveis, ele, que fora belo e forte, e que, a despeito disso, está vivo, sofredor e desgraçado, mas vivo, pensante, sensível.

Por vezes, sem saber como, vencido pelo cansaço e o desânimo, todos os atos de sua vida se lhe desenham no interior da consciência com uma minúcia de detalhes que o infeliz, já alucinado, converte-se em verdadeiro réprobo: seus modos de orgulhoso, sua indiferença pelos que o rodeiam em sua aldeia, o menosprezo a conselhos sensatos que recebia, a ingratidão para com os pais, sua arrogância de ateu, suas baixezas de ébrio e devasso, primeiro em Stainesbourg, ao perder Berthe, depois em Bruges; suas refregas com os moços da aldeia, todos marcados nas faces por sua faca, o suicídio de Franz Schmidt, a que dera causa, tudo o que constituíra o seu eu atuante na intimidade do lar e na sociedade agora desfilava diabolicamente em torno dele como cenas vivas que o enlouqueciam de mistura com as torturas que já o afligiam. Quer furtar-se à imposição do panorama de si mesmo, mas, em vão. A visão do que ele próprio foi e de como se conduziu na vida ali está, à sua frente, dentro dele, quais faixas de fogo que lhe devorassem o ser na desaprovação própria a que chamam arrependimento, remorso!

Não podendo mais ou julgando-se exausto de tantas dores e sofrimentos, pensou em sua casa, saudoso do conforto desfrutado entre seus pais, da solidariedade de sua mãe, que ele tão mal soubera compreender e menos ainda agradecer. Num esforço supremo da própria vontade conseguiu locomover-se... e ei-lo à procura de socorro no lar paterno.


Penetra naquela casa que o viu nascer e lhe dera os dias mais felizes que vivera. Diante de sua mãe, a quem encontra enferma e alquebrada, exclama cheio de queixas, julgando-se ouvido e compreendido:

- Mãe, minha mãe! Tem compaixão de teu filho, que está ferido, enterrado vivo. Não, minha mãe, eu não estou morto, eu não morri, estou vivo, todos se enganaram a meu respeito. Olha em que estado me encontro: todo corroído por vermes, que me mordem e maltratam como lobos. Não posso sair de lá e sofro satanicamente, debaixo daquela terra pestilenta, que cheira a imundície. Não posso mais, tira-me de lá, tenho horror àquela caverna onde me prenderam, vejo fantasmas, que se riem do estado em que me encontro. Franz Schmidt está lá e culpa-me do que lhe aconteceu, tira-me de lá, minha mãe, eu estou vivo, estou vivo, estou vivo!

Mas Marie, que nada via nem ouvia do que ele lhe dizia, não respondia, continuando a chorar, como sempre.

A angústia do pobre suicida recrudescia então e ele saía, desesperado, a procurar socorro noutra parte. Visitava o Presbitério, dirigia-se a Padre Rômulo e ao amigo Thom, suplicava auxílio, queixando-se sempre, e via que ambos o entendiam, mas, em vez de empunharem uma enxada e irem ao vale, a fim de desenterrá-lo, punham-se a orar banhados em lágrimas. E corria a aldeia rogando piedade e socorro a quantos encontrava. Ninguém lhe respondia, ninguém lhe dava atenção, mas alguns poucos se benziam e oravam.

Entretanto, começou a correr o boato de que a alma de Henri sofria suplícios e que fora vista e reconhecida por alguns antigos amigos, e que ele mostrava-se horrorosamente feio: as vestes despedaçadas, rasgadas pela queda, o rosto esfolado e ensangüentado, as pernas quebradas, mutilado, imagem perfeita daqueles destroços que haviam sido sepultados no vale.

Entrementes, o suicida não encontrava refrigério em parte alguma. Por toda parte onde tentasse o socorro alheio acompanhava-o as terríveis sensações que descrevemos. Por toda parte a sensação da queda que o alucinava. Por toda parte a sentir-se grilheta do próprio corpo que apodrecia no vale, a saudade da esposa, a humilhação do seu desprezo, o desespero de uma situação confusa, enigmática, atroz.

Henri Numiers trazia o inferno dentro de si.

Querendo furtar-se ao desgosto que, pela primeira vez o visitara, matou-se para dormir o eterno sono do esquecimento. Mas não encontrou o sono depois do suicídio. Não encontrou esquecimento. Encontrou apenas o seu próprio ser sofrendo novas fases de angústias criadas por ele próprio. Assim é o suicídio.

VAI PIORAR

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Havia notado umas pesquisas estranhas no Google e não dei importância, até que algumas pessoas da lista Blogosfera começaram a falar sobre o assunto. Pessoas que caem em diversos blogs procurando por: dicas para se matar; suicídio sem dor; como cometer suicídio; como se matar.



É notório que no Brasil temos uma tendência em imitar modas, manias, posturas que são criadas na gringolândia, mas é o cúmulo do absurdo que cresçam índices de suidício no Brasil. Não que isso seja uma imitação consciente dos EUA e Inglaterra, os países com maior índice de suicídio do mundo, pois existem até teorias geográficas que justificam tamanha quantidade de gente deprimida nesses países frios.



Pessoas! Se algum de vocês chegou até esse texto procurando por esse assunto porque está determinado a tirar sua vida, por favor, considere uma ajuda psicológica ou até religiosa. A vida pode ser uma bela porcaria em alguns momentos, mas na maior parte do tempo vale a pena ser vivida. E o Brasil precisa de gente que lute para que ele melhore, não que desista de sua vida como um covarde, fugindo. Não adianta!



Não posso convencê-lo a acreditar no que acredito, mas se você imaginar apenas que existe a possibilidade de essa não ser sua única vida, que você retorna e paga pelos seus erros anteriores, matar-se só vai piorar sua situação.

MARCOS MION

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

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