domingo, 25 de setembro de 2011


História Verídica
Lá estava eu com minha família, em férias, num acampamento isolado e com carro enguiçado. Isso aconteceu há cinco anos, mas lembro-me como se fosse ontem. Tentei dar a partida no carro.

Nada. Caminhei para fora do acampamento e felizmente meus palavrões foram abafados pelo barulho do riacho. Minha mulher e eu concluímos que éramos vítimas de uma bateria arriada. Sem alternativa, decidi voltar a pé até a vila mais próxima e procurar ajuda. Depois de uma hora e um tornozelo torcido, cheguei finalmente a um posto de gasolina.
Ao me aproximar do posto, lembrei que era domingo e, é claro, o lugar estava fechado. Por sorte, havia um telefone público e uma lista telefônica já com as folhas em frangalhos. Consegui ligar para a única companhia de auto-socorro que encontrei na lista, localizada a cerca de 30 quilômetros dali.

- Não tem problema. - disse a pessoa do outro lado da linha - Normalmente estou fechado aos domingos, mas posso chegar aí em mais ou menos meia hora. Fiquei aliviado, mas ao mesmo tempo consciente das implicações financeiras que essa oferta de ajuda me causaria.

Logo seguíamos, eu e o Zé, no seu reluzente caminhão-guincho em direção ao acampamento. Quando saí do caminhão, observei com espanto o Zé descer com aparelhos nas pernas e a ajuda de muletas para se locomover. Santo Deus! Ele era paraplégico!
Enquanto se movimentava, comecei novamente minha ginástica mental em calcular o preço da sua ajuda. É só uma bateria descarregada, uma pequena carga elétrica e vocês poderão seguir viagem, ele me dizia. O homem era impressionante. Enquanto a bateria carregava, distraiu meu filho com truques de mágica e chegou a tirar uma moeda da orelha, presenteando-a ao garoto.
Enquanto colocava os cabos de volta no caminhão, perguntei quanto lhe devia. - Oh! Nada - respondeu, para minha surpresa. - Tenho que lhe pagar alguma coisa - insisti. - Não. - reiterou ele - Há muitos anos, alguém me ajudou a sair de uma situação muito pior, quando perdi as minhas pernas, e o sujeito que me socorreu simplesmente me disse: "quando tiver uma oportunidade, passe isso adiante".
Eis minha chance. Você não me deve nada! Apenas lembre-se: quando tiver uma oportunidade semelhante, faça o mesmo. Somos todos anjos de uma asa só. Precisamos nos abraçar para alçar voo.

Gosto pela vida
Devemos ter gosto pela vida, o que significa apreciar toda a sua exuberância e saber que existe uma única vida sob incontáveis formas.
Conhecer essa vida significa saber que o poder está no momento presente, que eu sou ela, que você é ela, que tudo isto é ela e ela é tudo o que existe.

Um poeta indiano, Rabindranath Tagore, disse: “o mesmo rio da vida que corre pelo mundo corre constantemente pelas minhas veias e baila ao som de sua própria música...
É a mesma vida que grita de alegria, perfurando a terra com incontáveis lâminas de relva, e explode em agitadas ondas de flores”. Ele chamou a isso “o palpitar das eras dançando em meu sangue neste exato momento”.

Ter gosto pela vida é entrar em contato com essa dança. É enfrentar o que vem pela frente com despreocupação e liberdade. O desconhecido é o campo de todas as possibilidades que existe em cada instante.
Nele encontramos liberdade, vamos além dos condicionamentos do passado e muito além da prisão do espaço e do tempo.

Como disse Don Juan a Carlos Castañeda: “Não importa qual seja nosso destino específico, desde que o enfrentemos com o máximo de abandono”. Isso é desprendimento.
Isso é alegria. Isso é liberdade, gosto pela vida. 

Coração bobo...
Meu coração é tão bobo que se alegra com um mínimo de você, dispara feito um trem ao perceber a sua presença, mesmo que distante, através de um telefonema ou teclando comigo nas madrugadas insones.
Meu coração é tão bobo que me faz viajar sem sair do lugar em doces recordações ao sentir seu perfume em uma revista já amarelada, que você mal leu, meu coração é tão bobo que nem repara teus defeitos, me faz suspirar até pelo que não vivemos, e chorar pela tua ausência.
Meu coração é tão bobo que me faz te ligar em plena madrugada, enviar bilhetes simples e tolos com declarações de amor, ou 3 palavras mal escritas no sacolejar do ônibus.
Meu coração é tão bobo que não admite a sua falta, chega a sonhar com sua volta e faz planos, é por isso que sofro, por isso me amedronto...
Meu coração é tão bobo que acredita que você apenas se ausentou, saiu para uma pequena viagem e vai voltar logo, mas o tempo passa e sua ausência virou uma marca, uma mancha que nem a ressonância magnética vai captar, nem todo raio-x, nenhuma foto da alma, revela o que ele sente, apenas eu ouço, no seu bater descompassado, o seu nome e entre uma batida e outra, o sentimento que eu procuro esquecer:
Tum, tum, eu te amo, Tum, Tum, eu te amo, Tum, Tum, eu te amo, Tum, Tum... Volta logo vai...


Nenhum comentário:

Postar um comentário