terça-feira, 20 de setembro de 2011


O galo
Era uma vez um grande quintal onde reinava soberano e poderoso galo. Orgulhoso de sua função, nada acontecia no quintal sem que ele soubesse e participasse. Com sua força descomunal e coragem heróica, enfrentava qualquer perigo. Era especialmente orgulhoso de si mesmo, de suas armas poderosas, da beleza colorida de sua penas, de seu canto maravilhoso.

Toda manhã acordava pelo clarão do horizonte e bastava que cantasse duas ou três vezes para que o sol se elevasse no céu.
- O sol nasce pela força do meu canto. - dizia ele - Eu pertenço à linhagem dos levantadores do sol. Antes de mim era meu pai; antes de meu pai era meu avô...

Um dia uma jovem galinha de beleza esplendorosa veio morar em seu reinado e por ela o galo se apaixonou. A paixão correspondida culminou numa noite de amor para galo nenhum botar defeito. E foi aquele amor louco, noite adentro. Depois do amor, já de madrugada veio o sono. Amou profundamente e dormiu profundamente. As primeiras luzes do horizonte não o acordaram como de costume. Nem as segundas...Para lá do meio dia, abriu os olhos sonolentos para um dia azul, de céu azul brilhante e levou um susto de quase cair.

Tentou inutilmente cantar, apenas para verificar que o canto não lhe passava pelo nó da garganta.
- Então não sou eu quem levanta o sol? - Comentou desolado para si mesmo.

E caiu em profunda depressão. O reconhecimento de que nada havia mudado no galinheiro enquanto dormia trouxe-lhe um forte sentimento de inutilidade e um questionamento incontrolável de sua própria competência. E veio aquele aperto na garganta. A pressão no peito virou dor. A angústia se instalou definitivamente e fez com que ele pensasse que só a morte poderia solucionar tamanha miséria.
- O que vão pensar de mim?, murmurou para si mesmo.

E lembrou daquele galinho impertinente que por duas ou três vezes ousou de longe arrastar-lhe a asa. O medo lhe gelou nos ossos. Medo. Angústia.  Andou se esgueirando pelo cantos do galinheiro, desolado e sem saída. Do fundo de seu sentimento de impotência, humilhado, pensou em pedir ajuda aos céus e rezou baixinho, chorando.

Talvez tenha sido este momento de humildade, único em sua vida, que o tenha ajudado a se lembrar que, em uma árvore, lá no fundo do galinheiro, ficava o dia inteiro empoleirado um velho galo filósofo que pensava e repensava a vida do galinheiro e que costumava com seus sábios conselhos dar orientações úteis a quem o procurasse com seus problemas existenciais.

O velho sábio o olhou de cima de seu filosófico poleiro, quando ele vinha se esgueirando, tropeçando nos próprio pés, como que se escondendo de si mesmo. E disse:
- Olá! Você nem precisa dizer nada, do jeito que você está.
Aposto que você descobriu que não é você quem levanta o sol.
Como foi que você se distraiu assim? Por acaso andou se apaixonando?

Sua voz tinha um tom divertido, mas ao mesmo tempo compreensivo, como se tudo fosse natural para ele. A seu convite, o galo angustiado, empoleirou-se a seu lado e contou-lhe a sua história. O filósofo ouviu cada detalhe com a paciência dos pensadores. Quando o consulente já se sentia compreendido, o velho sábio fez-lhe uma longa preleção:

- Antes, quando você ainda achava que até o sol se levantava pelo poder do seu canto, digamos que você estava enganado. Para definir seu problema com precisão, você tinha o que pode ser chamado de "Ilusão de Onipotência". Então, pela mágica do amor, você descobriu o seu próprio engano, e até ai estaria ótimo, porque nenhuma vantagem existe em estar tão iludido.

Saiba você que ninguém acredita realmente nessa história de canto de galo levantar o sol. Para a maioria, isto é apenas simbólico: só os tolos tomam isto ao pé da letra.

- Entretanto, agora, - continuou o sábio pensador - Você está pensando que não tem mais nenhum valor, o que é de certa forma compreensível em quem baseou a vida em tão grande ilusão. Contudo, examinando a situação com maior profundidade, você está apenas trocando uma ilusão por outra ilusão.

O que era uma "Ilusão de Onipotência" pode ser agora chamado de "Ilusão de incompetência". Aos meus olhos, continuou o sábio, nada realmente mudou. Você era, é e vai continuar sendo, um galo normal, cumpridor de sua função de gerenciar o galinheiro, de acordo com a tradição dos galináceos.

- Seu maior risco - continuou o pensador - é o de ficar alternando ilusões. Ontem era a Ilusão de Onipotência, hoje, Ilusão de Incompetência. Amanhã você poderá voltar à Ilusão de Onipotência novamente, e depois ter outra desilusão... Pense bem nisto: uma ilusão não pode ser solucionada por outra ilusão. A solução não está nem nas nuvens nem no fundo do poço.
A solução esta na realidade.

Após um longo período de silêncio, o velho galo filósofo voltou-se para os seus pensamentos. Nosso herói desceu da árvore para a vida comum do galinheiro. No dia seguinte, aos primeiros raios da manhã, cantou para anunciar o sol nascente. E tudo continuou como era antes.

Eu aprendi
 
Eu aprendi que a melhor sala de aula do mundo está aos pés de uma pessoa mais velha;
Eu aprendi que ter uma criança adormecida nos braços é um dos momentos mais pacíficos do mundo;

Eu aprendi que ser gentil é mais importante do que estar certo;
Eu aprendi que nunca se deve negar um presente a uma criança;

Eu aprendi que eu sempre posso fazer uma prece por alguém quando não tenho a força para ajuda-lo de alguma outra forma;
Eu aprendi que não importa quanta seriedade a vida exija de você, cada um de nós precisa de um amigo brincalhão para se divertir junto;

Eu aprendi que algumas vezes tudo o que precisamos é de uma mão para segurar e um coração para nos entender;
Eu aprendi que os passeios simples com meu pai em volta do quarteirão nas noites de verão quando eu era criança fizeram maravilhas para mim quando me tornei adulto;

Eu aprendi que deveríamos ser gratos a Deus por não nos dar tudo que lhe pedimos;
Eu aprendi que dinheiro não compra "classe";

Eu aprendi que são os pequenos acontecimentos diários que tornam a vida espetacular;
Eu aprendi que debaixo da "casca grossa" existe uma pessoa que deseja ser apreciada, compreendida e amada;

Eu aprendi que Deus não fez tudo num só dia; O que me faz pensar que eu possa?
Eu aprendi que ignorar os fatos não os altera;
Eu aprendi que quando você planeja se nivelar com alguém, apenas esta permitindo que essa pessoa continue a magoar você;
Eu aprendi que o AMOR, e não o TEMPO, é que cura todas as feridas;

Eu aprendi que a maneira mais fácil para eu crescer como pessoa é me cercar de gente mais inteligente do que eu;
Eu aprendi que cada pessoa que a gente conhece deve ser saudada com um sorriso;

Eu aprendi que ninguém é perfeito até que você se apaixone por essa pessoa;
Eu aprendi que a vida é dura, mas eu sou mais ainda;

Eu aprendi que as oportunidades nunca são perdidas; alguém vai aproveitar as que você perdeu.
Eu aprendi que quando o ancoradouro se torna amargo a felicidade vai aportar em outro lugar;

Eu aprendi que devemos sempre ter palavras doces e gentis pois amanhã talvez tenhamos que engoli-las;
Eu aprendi que um sorriso é a maneira mais barata de melhorar sua aparência;

Eu aprendi que não posso escolher como me sinto, mas posso escolher o que fazer a respeito;
Eu aprendi que todos querem viver no topo da montanha, mas toda felicidade e crescimento ocorre quando você esta escalando-a;

Onde esta seu irmão?
Encontrei um menor na rua, sem camisa, costas nuas, sem sapatos, pés no chão sujos como a mente de tanta gente que se conforma com a situação:
- "Menino, onde está seu irmão"?

Encontrei um velho maltrapilho, sem bengala, sem o filho, sem amparo no mundo cão, perguntei-lhe de repente por que tanta gente se conforma com a situação:
- "Velho onde está seu irmão"?

Encontrei uma mãe solteira encaminhando-se para uma fileira que terminava na prostituição acomodados na triste sina conformavam-se com a situação:
- "Mãe solteira, onde está seu irmão"?

Encontrei um migrante e um patrício, chegados a pouco numa procura que não há quem não canse. Encontrei um louco, sem hospital, sem hospício. Todos sem chance, um aleijado com ofício, e um cego vendo com a mão. Perguntei sem conformar com a situação:
- "Ei, onde estão seus irmãos"???

Encontrei um sem teto E filho sem colchão, mãe sem afeto e mesa sem pão...:
- "Ei, onde estão seus irmãos???"

Encontrei um ex-prisioneiro marcado pelo erro que cometeu.
Encontrei um macumbeiro fazendo despacho para ateu.
Encontrei um excepcional sem centro de recuperação.
Encontrei um homem de quarenta vetado na profissão:

 - "Ei, onde estão seus irmãos???"
- Irmãos???
- Ou pelo menos um irmão, cadê o próximo? Cadê o cristão?
Procurei e fiquei vermelho com o susto que me ocorreu...

Pois ao ver-me o espelho vi que o irmão era EU..!!!

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