terça-feira, 25 de outubro de 2011

SOLIDARIEDADE


    A mensagem do gênio Fernando Pessoa, a par da inimitável beleza e poesia épico-filosófico-ufanista, contém, na conclusão, verdade eterna, que oferecemos a você como um exercício de inteligência e estesia.
         “Ó mar salgado, quanto do teu sal/ São lágrimas de Portugal!/ Por te cruzarmos, quantas mães choraram,/ Quantos filhos em vão rezaram!/ Quantas noivas ficaram por casar/ Para que fosses nosso, ó mar! / Valeu a pena? Tudo vale a pena/ Se a alma não é pequena.”
          Em negrito e itálico o que desejamos dar ênfase. “Tudo vale a pena se a alma não é pequena.”
          Apesar do desencanto, da desesperança da loucura coletiva que assola o Planeta,  nem tudo está perdido. Testemunhos de solidariedade brotam aqui e alhures, de corações generosos, grandes almas, Espíritos que entenderam a mensagem do Cristo: “... é dando que se recebe”, e reavivam a flama da confiança numa saída para a Terra e para o homem. Um exemplo vivo é Nadia Gómez, que vive em Paris e dirige a Associação de Amparo às Pessoas Atingidas pelo Câncer (APAC).
               Sua história pode ser resumida assim: Portadora de câncer do fígado foi assistida pelo notável cancerologista, prof. Leon Schwartzenberg e operado pelo não menos famoso Dr. Henri Bismuth.
                Mulher com pouco mais de 30 anos, chegou a pesar 38 quilos. Quando tomou conhecimento da gravidade de sua doença, resolveu sair do “casulo” e conversar com os outros pacientes, durante as sessões coletivas de quimioterapia, constatando muita angústia material, moral e afetiva, por exemplo o do homem ameaçado de ter a luz elétrica cortada por não ter dinheiro para pagar a última conta; outro com bens penhorados para pagamento de impostos antigos; o da mulher, mãe solteira, que deixava os filhos sozinhos para poder tratar-se; daquela outra, jovem e bela, que acompanhava a filha leucêmica, enquanto seu casamento descia pelo ralo...
                  Decidiu curar-se quando entendeu “Que tudo vale a pena, se a alma não é pequena”. Esqueceu do seu  problema e concentrou-se na ajuda a pessoas em estado de desespero. Criou a APAC e conta, hoje (1983), com o auxílio de um contador – ex-canceroso – que se ocupa das contas da Associação; um inspetor de impostos, que resolve os problemas fiscais dos doentes; dois médicos cancerologistas que ajudam os pacientes em tratamento; um jurista e um psicólogo clínico completam a equipe da APAC.
                   Há um plantão telefônico permanente, que recebe dezenas de chamadas por dia, de doentes aflitos, necessitados de alguém que os escute e os oriente. Nádia faz isso com muito amor.
                   “Tenho necessidade de resgatar minha vida. Se tivesse uma recaída, sem haver realizado nada de útil, minha vida teria perdido o sentido. É preciso estar de bem com ela, para um novo recomeço... “

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