terça-feira, 25 de outubro de 2011

É preciso enxergar com olhos amplos


 Com repercussão internacional, acontecimentos inusitados e, para muitos, imprevistos, tumultuaram a cidade de São Paulo, metrópole que está entre as cinco maiores do mundo. Houve mortes de policiais, civis e militares e, também, de marginais. O que chamou à atenção, porém, não foram essas mortes isoladas. O trânsito da Grande São Paulo e os crimes comuns, como assaltos, seqüestros, choque de quadrilhas, etc., matam mais.  O que deixou a sociedade perplexa foi o atrevimento dos bandidos, demonstrando a incompetência e a vulnerabilidade dos poderes que têm por obrigação manter a ordem. Perguntamos nós: Que ordem, se o Brasil e o mundo estão em completa desordem? Há muito tempo!
Quem tiver discernimento, concluirá que tais acontecimentos não representam um fato isolado e nem começaram numa sexta-feira ou terminaram num domingo com o restabelecimento da suposta ordem nos presídios. O processo se arrasta há muitos anos e está apenas no começo. Se observarmos o texto do apocalipse, veremos que o que estamos vivendo “ao vivo e em cores”, ipsis litteris, o texto do Novo Testamento. Somos os atores dessa novela, cujos capítulos se sucedem, dia a dia, enquanto nós, impassíveis, apenas representamos obediente  e irracionalmente, sem tentar alterar-lhe o roteiro.
Por que aconteceram essas barbaridades em São Paulo? Porque se fosse no Urutum da Ingazeira ou no Caprobó de São Felix, ninguém falaria no assunto. São Paulo é São Paulo! Nada a acrescentar. Tão importante, que uma artistazinha da nossa TV ao dar declaração disse ao repórter: “Graças a Deus que isso está acontecendo em São Paulo para que não falem que só acontece no Rio. “Ela reproduz com ampla clareza a mentalidade do cidadão que vive neste planeta nos tempos que vão. Graças a Deus que a desgraça atingiu outro lugar para desviar a atenção da terra onde ela mora. Nivelamo-nos sempre por baixo. Que consolo mais desprovido de amor.
A desigualdade do mundo está levando a humanidade ao fundo do poço para depois renascer das cinzas, separando-se joio e trigo. Não adiantam leis para portas arrombadas. Tudo é paliativo: desligar celulares, revistar os presos, censurar advogados. Enquanto nós elegermos representantes que nos roubam – mensalão, sanguessuga, bingo, e outros pseudônimos mais, esperar o que da sociedade. E os homens comuns também são desonestos. Sonegam impostos, desrespeitam as leis, agridem os mais pobres. Fazem as mais descabidas greves para melhorar seus ganhos, ainda que isso leve desgraça e miséria à população doente e faminta.
Estamos preocupados, uns, em reeleger o presidente e, outros, em trocá-lo por outro. Mas não está aí a solução. Os ricos serão poucos e os miseráveis a maioria. Não vai mudar nada. Ou a sociedade compreende que deve dividir melhor o seu patrimônio, de modo a que não falte o essencial a cada um, ou continuaremos vivendo com medo e de maneira desonesta. Não culpemos o bandido por nos agredir, porque antes disso ele já foi agredido pela sociedade. Ele foi criado sem pai, sem estudo, sem lar, sem saúde, sem os mais comezinhos princípios de educação. Para ele, morrer não é um problema, mas uma agradável solução, já que da vida ele não espera qualquer compensação que valha a pena.
Noventa por cento dos homens têm alguma religião. E a maioria acredita que a sua é a melhor ou mesmo a única certa. Todavia, desses noventa por cento, é provável que um por cento ame o próximo como a si mesmo e faz ao outro o que gostaria que fizessem por ele. Que adianta ter religião, se cada um continua preocupado exclusivamente consigo mesmo? Melhor ser ateu. É mais autêntico e não finge ser o que não é.
Assim como os cataclismos têm por finalidade fazer avançar a humanidade, conferindo-lhe mais solidariedade, a provocação do crime para demonstrar que os homens de bem estão sem rumo e sem destino serve de alerta para que se inicie uma ampla reforma dos costumes, a partir de cada um. Temos de sair do nosso casulo, onde nos escondemos, dando a impressão que os acontecimentos do mundo não nos dizem respeito, para ser participantes e colaboradores na construção do novo mundo. E como faremos isso? Sendo menos gananciosos e egoístas. Sendo menos prepotentes por ocupar cargos imaginando que isso nos dá poder. Contentando-nos com menos para que o outro tenha um pouco.
São Paulo está servindo de instrumento para que o mundo desperte. Em vez de dar graças a Deus que em São Paulo acontece o mesmo que no Rio de Janeiro, nossa atriz deveria perguntar o que é que ela pode fazer, como pessoa influente nos canais de comunicação, para ajudar que isso não aconteça nem em São Paulo nem no seu lindo Rio de Janeiro.
A Terra, segundo a Doutrina Espírita, está em processo de promoção de Mundo de Provas e Expiações para Mundo Regenerador. Isto significa que iremos viver num planeta onde as dores e os problemas ainda persistirão por muitos milênios, mas onde a mentalidade da sua civilização fará com que o clima espiritual seja mais agradável e mais fraterno. Poucos estamos em condições de habitar o mundo renovado que segue em construção. Uma auto-análise sincera confirmará facilmente o que afirmamos. Espíritos de outros planetas virão aqui tomar o nosso lugar, enquanto nós seremos transferidos para viver por mais um tempo em mundos inferiores como é o nosso atualmente.
Ninguém se iluda. Tudo nasce de dentro para fora. Da mudança individual para a coletiva e não apenas por leis de cima para baixo, que só atendem às conveniências dos que se locupletam no poder. Só quando os homens investirem na solidariedade e compreenderem que não podem construir a sua felicidade às custas da miséria do próximo é que teremos mudanças nesse quadro de infelicidade generalizada. Quem quiser sanear o mundo prendendo bandido, simplesmente, está completamente equivocado. E quem o tirar do convívio por meio da pena de morte, legalizada ou não, comete um equívoco ainda maior. Povoa o ar de cadáveres revoltados que, como abutres da obsessão, desorganizam as mentes dos seus algozes.
A Doutrina Espírita é um importante auxiliar para que os homens definam suas atitudes. Socorramo-nos todos  das suas valiosas lições e a felicidade virá, independente do nome do governante. Este, por pior que seja, nada poderá fazer contra  a marcha do progresso que é sempre organizada, dirigida e supervisionada por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Que Deus nos proteja, nos dê coragem e grande entendimento!

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