quarta-feira, 24 de agosto de 2011


A DOUTRINA DOS ANJOS

            Há, no mundo,  muitas crenças sobre os anjos.  Há antigas lendas que influenciam a crença de muitos ao redor do mundo.  A existência dos anjos é verdadeira mas não da forma como todos dizem.  Queremos ver o que diz a Bíblia sobre a sua existência e obra.  Se não existissem os anjos, muitos versículos da Bíblia ficariam sem explicação.
Seres Criados
            Os anjos não são eternos como Deus mas foram criados por Deus (Sal 148:2,5; Col 1:16).  Mesmo que a Bíblia mostrando que os anjos foram criados por Deus, a Bíblia não é tão clara sobre quando foram criados.  Alguns usam Jó 38:7 para dizer que os anjos foram criados assim que a terra foi feita outros determinam Gênesis 1:1, na sua referência aos !céus? para incluir os anjos.  Podem dizer o quiserem pois tudo não passa de opiniões.  Somente é seguro dizer que até o fim da criação (Gên. 2:1) os anjos foram criados (Êx. 20:11; Ne. 9:6).
Seres Espirituais e Incorpóreos
            Os anjos não têm carne (Luc 24:39), não se casam (Mat. 22:30, portanto, não há sexo), são seres espirituais, sem matéria (I Sam 16:14; Mat. 8:16; 12:45; Luc 7:21; 8:2,32,33; 11:26; Atos 19:12; Efés 6:12; Heb 1:14).  A sua qualidade de espírito e incorpóreo se vê por poderem estar presentes em pouco espaço (Mat. 12:45; Luc 8:2,30) e serem invisíveis (Col 1:16).  Mesmo os anjos podendo aparecer em forma de homem (Atos 1:10) são espíritos (Heb 1:14) e tomam a forma de homem para nos ajudar.  O homem está em um grau inferior aos anjos (Heb 2:7)
            Alguns símbolos são usados, dentro da Bíblia, para apresentar os anjos tais como: !vento? (Salmos 104:4) ou !fogo abrasador? Heb 1:7) mas, também são citados como sendo espíritos (Mat. 22:30) e presentes na igreja, com atuações específicas (I Cor 11:10).
            Pelo fato de terem sidos criados, os anjos são finitos, têm em começo, são limitados e não têm apetites e desejos carnais.  Mesmo sendo espíritos e incorpóreos, não são onipresentes. Essa é uma qualidade reservada somente para Deus.
Seres Racionais, Morais e Imortais
Racionais
            Os anjos têm uma inteligência nata e não adquirida (Boyce).  A inteligência dos anjos é superior a dos homens (II Sam 14:20).  Através da igreja Deus ensina a !multiforme sabedoria de Deus? que é conhecida pelos !principados e potestades nos céus?, uma clara referência aos anjos (Efés 3:10).  Mesmo os anjos conhecendo tanto, não são oniscientes (Mat. 24:36; I Ped 1:12).
            Que anjos possuem vontade é claramente anunciado (I Pedro 1:12) pois anelam investigar aquilo que não são capazes de entender.  A obra da salvação é melhor entendida pelo pecador salvo.  A glória da salvação não é conhecida pelos descrentes (I Cor 1:23; 2:14) e nem pelos anjos sejam eles bons ou maus. 
II Ped 2:11 mostra que os anjos decidem por não fazer uma ação e essa decisão revela que eles são seres racionais. 
Morais
            A natureza moral dos anjos pode ser vista através do princípio em eles são abençoados se obedecem ou castigados se desobedecem.  Tal tratamento indica tanto a capacidade quanto a responsabilidade.  Os anjos que obedecem são chamados anjos santos (Mat. 25:31; Mar 8:38; Luc 8:26; Atos 10:22; Apoc 14:10), anjos eleitos (I Tim 5:21) ou anjos de luz (II Cor 11:14).  Os anjos obedientes vêem a face do Senhor (Mat. 18:10) e são exemplos para nós (Mat. 6:10, a vontade de Deus está sendo feito no céu pelos anjos inclusive; Judas 9).  Os anjos que desobedecem são castigados (João 8:44; II Ped 2:4; Judas 6) e são eles aqueles seguem ao Diabo como líder (Mat. 25:41).
A Bíblia não revela se há salvação para os anjos.
Imortais
            A qualidade de ser imortal pode ser vista através da afirmação de Jesus (Luc 20:35,36).  Os anjos bons e os maus têm existência contínua.  Os bons permanecem sob o favor de Deus e os maus recebem o castigo pela eternidade.
            O fato de os anjos terem grande poder (Sal 103:20; Col 1:16; Efés 1:21; 3:10; Heb 1:14) também revela as suas qualidades de inteligência, vontade e moral.  O poder que eles possuem deve ser exercitado na medida do querer de Deus.  Esse controle indica inteligência, vontade e moral.
Condição Original

            De tudo que a Bíblia mostra sobre o assunto somente podemos concluir que a condição original dos anjos é boa (Gên. 1:31, !E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom?).  Judas ensina que os anjos maus !não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação? (Judas 1:6) dando-nos a entender que no princípio, estavam na própria habitação, junto dos bons em obediência.  Aqueles que caíram, pecaram (II Ped 2:4).
            Por Deus ser o Criador, e absolutamente santo (Gên. 18:25; Hab. 1:13), a Sua criação também não teria pecado (Bancroft, p. 286).
Número dos Anjos
            A Bíblia nunca dá um número exato de anjos, mas isso não quer dizer que há um pequeno número.  Varias vezes a Bíblia dá-nos razão dizer que o número é enorme. 
·      Deut 33:2 - dez milhares de santos
·      Sal 68:17 - vinte milhares, milhares de milhares
·      Mar 5:9,15 - muitos
·      Mat. 26:53 - doze legiões (cada legião é composta entre 3.000 - 6.000, Berkhof)
·      Heb 12:22 - muitos milhares
·      Apoc 5:11 - milhões de milhões, e milhares de milhares (Dan 7:10)
            Apoc 12:4 relata que a terça parte das !estrelas do céu? foi lançada para a terra.  Há os que dizem que isso refere-se aos anjos que caíram, o império Romano ou até os pastores que não ficaram fieis no ministério (Gill). Se esse fosse o número de anjos maus que caíram, para cada anjo mau, há dois anjos bons.  Isso é confortante mesmo que não queremos duvidar da suficiência da onipotência de Deus.
            Qualquer que seja o número de anjos, eles não são criados instantemente.  O número atual de anjos não aumenta (Berkhof).
A Ordem dos Anjos Bons
            Existe uma organização entre os anjos.  Satanás é chamado o pai (João 8:44) e Miguel é chamado por arcanjo (Judas 1:9) que mostra claramente a existência de ordem entre eles.  Os anjos bons são chamados !filhos de Deus? por terem uma origem divina.  Os anjos maus têm o nome de: anjos do diabo (Mat. 25:41; Apoc 12:7) mostrando a existência de uma ordem entre eles.
Nomes Diferentes
            São usados vários nomes que nos levam a distinguir ordens angélicas.  As obras, o relacionamento com Deus ou os atributos dos anjos podem ser vistos pelos nomes atribuídos a eles: !Filhos de Deus? (Jó 1:6; 2:1; Sal 29:1; 86:6), deuses ou anjos de Deus (Sal 97:7; 138:1; Heb 1:6), seus exércitos (Sal 103:21), servos (Jó 4:18),espíritos (Heb 1:14), santos (Jó 15:15; Sal 89:5,7; Zac 14:5; Dan 8:13), vigias (Dan 4:13, 17) e vários outros nomes em Col 1:16; Efés 1:21 dos quais podemos citar o Sr. E. C. Dargan:
           
?tronos .... sendo o mais elevado, próximo a Deus e assim chamados, tanto por estarem perto de Deus e sustentarem o trono de Deus como por sentarem eles mesmos sobre tronos aproximando-se mais perto de Deus em glória e dignidade; depois ?domínios?, ousenhorios, aqueles que exercem poder ou senhorio sobre os inferiores ou homens; depois !principalidades?, ou !principados?, os de dignidade principesca; finalmente, !potestades?, ou autoridades, aqueles que exercem poder ou autoridade sobre a ordem angélica mais baixa, logo acima do homem." (citado por T. P. Simmons, p. 135,136).
            Os anjos citados em Col 1;16 e Efés 1:21 não são os tipos mas de graus ou dignidades diferentes (Berkhof).
Querubins e Serafins
            Os querubins mencionados em Gên. 3:24, estão guardando a entrada ao Paraíso, Êx. 25:18, estão olhando ao propiciatório (Sal 80:1; 99:1; Isa 37:16; Heb 9:5).  Eles constituem o carro pelo qual Deus desce ao mundo (II Reis 2:11; Sal 18:10) e são representados pelos seres vivos para mostrar poder e majestade (Ezequiel 1 e Apoc 4, entre outros).  Mais do que outras criaturas os querubins revelam o poder, a majestade e a gloria de Deus, guardando a sua santidade no jardim, tabernáculo, templo e na sua descida à terra (Berkhof).
            Os serafins só estão citados em Isa 6:2,6 como servos ao redor do trono de Deus.  Cantam louvores e estão de prontidão para fazer o que o SENHOR mandar.  Talvez a sua obra seja preparar aqueles que querem aproximar-se apropriadamente de Deus (Berkhof).
            Sobre os querubins e serafins E. C. Dargan ensina  que não são !como seres atuais senão como aparências simbólicas ilustrando verdades da atividade e do governo divino." (Simmons, p. 136).
Miguel e Gabriel
            O anjo Miguel e o anjo Gabriel são os únicos anjos mencionados pelo nome.
            Miguel é mencionado em Dan 10:9-13; 10:21; 12:1; Judas 1:9; e Apoc 12:7-9.  A sua posição é tida como sendo !arcanjo? (Judas 1:9) e !um dos primeiros príncipes? (Dan 10:13).  Parece ser um guerreiro valente que batalha por Jeová.
            Gabriel é usado em Daniel 8:16; 9:21 e Luc 1:19,26.  Gabriel disse: !assisto diante de Deus? (Luc 1:19).  Há sete anjos que !estavam diante de Deus? e há a especulação de que Gabriel seja um destes.  O seu trabalho é mediar e interpretar revelações divinas (Dan 8:16). Foi Gabriel que profetizou o nascimento de João Batista (Luc 1:5-19) e de Cristo (Luc 1:26-37).
Anjos de Guarda
            Apesar de a tradição e os historiadores gostarem da idéia de um anjo, ou dois (um bom e o outro mau), designados a cada homem, ou pelo menos aos eleitos, a Bíblia não dá credito pleno e claro a essa idéia.  Deus é quem cuida dos Seus pela Sua presença e poder.  Um anjo seria muito inferior à essa presença divina.  A doutrina que supõem um anjo de guarda alimenta uma pratica de adoração aos anjos.  Note que havia mais de um anjo nestes casos: Gên. 28:12; II Reis 6:16,17; Mat. 4:11; Luc 16:22.
O Serviço dos Anjos Bons
Serviço Usual
            O serviço usual deve ser entendido como a ocupação geral dos anjos bons.  Eles têm o privilégio de louvar a Deus dia e noite (Sal 103:20; 148:2; Isa 6:1-6; Apoc 5:11).  Heb 1:14 revela que a sua obra inclui o ministério aos herdeiros da salvação; alegria na conversão dos herdeiros (Luc 15:10), estão atualmente protegendo os herdeiros (Sal 34:7; 91:11) e, especialmente, os pequeninos (Mat. 18:10).  Os anjos estão presentes na igreja (I Cor 11:10; I Tim 5:21) até mesmo conhecendo através dos cultos, sobre a multiforme sabedoria de Deus (Efés 3:10; I Ped 1:12).  Esses anjos transportam os salvos para o !seio de Abraão? (Luc 16:22).
Serviço Temporário
            Os anjos trabalham durante tempos de transição especiais (patriarcas, a entrega da Lei, a era da conquista da terra prometida, durante o exílio e a restauração do povo de Deus à sua terra e o nascimento, ressurreição e ascensão do Senhor Jesus Cristo) e em resposta à queda dos homens no pecado.   Quando terminou o período da revelação divina especial cessou o serviço temporário de intermediários dessas revelações, comunicar as bênçãos ao povo de Deus e executar o Seu juízo sobre os Seus inimigos.  Esse serviço só se reiniciará na volta corpórea de Cristo (Berkhof, p. 148).  Os versículos que mostram esse serviço sendo feito são: II Sam 24:16,17; II Reis 19:35; I Cron. 21:15,16; II Cron. 32:21; Atos 12:23.
A Ordem dos Anjos Maus e Suas Obras
Anjos Maus
            Os anjos maus começaram como anjos bons e deixaram a sua habitação (Judas 1:6; II Ped 2:4).  Eles se opõem a Deus e colocam barreiras diante da Sua obra obedecendo a vontade de Satanás (Dan 10:10-14; Zac 3:1; Luc 22:31).  Eles afligem o povo de Deus (Mat. 17:15-18; Luc 13:16; II Cor 12:7), atuam como empecilhos diante do povo de Deus (Efés 6:11,12; I Tess 2:18) e procuram enganar os eleitos (II Cor 11:13,14; Mat. 24:24). 
Espíritos ou Demônios
            Os espíritos maus ou os demônios (considerados por muitos termos sinônimos e um tipo de anjo mau, Mat. 9:34; 12:24; 25:41 - Bancroft; Cloud) são distintamente diferentes pois têm trabalhos separados dos anjos maus (Atos 23:8,9, !nem anjo nem espírito ... uma e outra coisa?).  Fazem um trabalho mais pessoal, sujo e violento do que os anjos maus em geral.  Têm a prática de habitar nos corpos (Mat. 4:24; 8:16, 28-34; 12:43; Atos 8:6,7; 16:16) e nos ídolos dos descrentes (Lev 17:7; Deut 32:17; I Cor 10:20).  Adivinhação e astrologia têm como objetos de adoração aos demônios (Deut 18:10-12; II Crôn 33:6; Atos 16:16-18; 19:13-19).  Em comparação aos anjos maus, os demônios são mais impuros (Mat. 12:43-45; Mar 5:8; Luc 4:33-36) e violentos (Mat. 8:28; Mar 9:18,22; Luc 9:39; Apoc 16:14).  Note que há um grau de impureza entre eles (Mat. 12:43-45).  Há muitas doenças afligidas pelos espíritos maus (físicas: mudez - Mat. 9:32,33; cegueira - Mat. 12:22; doença esquelética - Luc 13:11-13 e mentais: nudez, loucura  - Luc 8:26-35; Marcos 9:18, 22).
            Os espíritos ou demônios não têm outro fim, revelado pelas Escrituras, a não ser igual aos anjos maus que estão entregues !às cadeias da escuridão, ficando reservados para o juízo? (II Ped 2:4; Judas 1:6).  As !cadeias? não os limitam a um lugar mas sim à uma condição (escuridão e condenação) (Berkhof, p.149).  O lugar será o lago de fogo (Mat. 25:41; Apoc 20:10).
            Pela adivinhação e astrologia é praticada a abominação diante do Senhor.  Deus quer receber toda a glória.  Os que praticam essas abominações não estão buscando ao Senhor e sim aos demônios (Deut 18:10-12; Atos 16:16-18, !espírito de adivinhação?; 19:13-19; II Cron. 33:6)
           
Satanás
            Satanás é o líder de todos os anjos maus sendo chamado o seu pai (João 8:44), o seu príncipe (Mat. 9:34; Efés 2:2) .  Sua principal obra é opor-se a Deus (Isa 14:13,14; Atos 13:10).  Ele ataca ao homem por que o homem é o principal objeto das suas obras (Gên. 1:26).  As Escrituras o apontam como aquele que originou o pecado (Gên. 3:1-3; Ezequiel 28:15; João 8:44; II Cor 11:3; I João 3:8; Apoc 12:9; 20:10) e o deus de toda a impureza (João 12:31; II Cor 4:4) mostrando não a sua soberania mas o controle sobre tudo o que Deus entregou na sua mão. Satanás é de grande poder mas não onipotente, tem influência mas não é soberano (Mat. 10:28; 12:29; Apoc 20:2).  O destino de Satanás é o lago de fogo (Mat. 25:41; Apoc 20:10) (Berkhof).
A Nossa Atitude diante dos Anjos Bons e Maus
            Deus é o único digno de honra e glória e deve ficar claro que nenhum anjo bom ou mau deve ser servido, adorado ou temido como Deus (Rom. 11:36; Apoc 4:11; 22:8,9).  Mesmo o crente, filho de Deus, por estar em Jesus Cristo, tendo uma posição acima dos espíritos maus (Efés 6:16; Heb 2:14; I João 4:4) não é recomendado entrar em contenda com qualquer ser bom ou mal (II Tim 2:24; Judas 1:9), mas os resistir aproximando-se de Deus (Tiago 4:7) sendo firme na fé (I Ped 5:9).  A vitória se dá pela força de Cristo (Fil. 4:13) e não da carne (Efés 6:10-18).  Há necessidade de sermos submissos ao Senhor para termos a vitoria e é razão suficiente para que não sermos auto confiantes em nossos relacionamentos com as forças do mal.  Uma vida morta às concupisciências da carne e ativa em obediência à Palavra de Deus, é a melhor defesa para não cair nos laços do diabo (Efés 6:12-18; I Tim 1:18,19).
            Satanás é ativo e os seus anjos estão sempre prontos para lhe obedecer, daí o crente ser instruído a ser vigilante e obediente à Palavra de Deus (I Ped 5:8; II Cor 2:10, 11) nunca dando a mínima oportunidade a Satanás (Efés 4:27).  Enche o seu ser com as meditações de Cristo, a Palavra de Deus, e não precisará se preocupar com as concupisciências da carne (Gal 5:16).  Assim será sempre pronto a ter a vitória nas lutas que venham (Tiago 4:7,8)

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